domingo, 24 de agosto de 2008

Deuses e Mitos do Norte da Europa

Comprei ontem na Bienal do Livro Deuses e Mitos do Norte da Europa, o grande clássico da pesquisadora Hilda R. Ellis Davidson, uma das figuras mais respeitadas no meio acadêmico deste assunto, Ph.D. em 1940 por sua tese a respeito da “morte da literatura escandinava”. Esta obra reúne um trabalho de vários anos, e sua preocupação ante a negligencia e esquecimento de escolas, autores e estudiosos pelo assunto. E apesar da publicação do original ser datado de 1964, o livro ainda é uma fonte preciosa para acadêmicos e leigos que queiram se aprofundar mais na Mitologia Germânica.
O livro é direcionado, como dito, a um público acadêmico, mas sua linguagem também é acessível para leigos. A autora busca explicações não somente nas fontes escritas, entre elas a Edda em Prosa e a Edda Poética, e as Sagas Nórdicas, mas também em achados arqueológicos e topônimos, como uma forma de analise. Percebe-se em todo o texto desta historiadora britânica uma preocupação em identificar significados sociais e culturais, seja a partir de possíveis origens etimológicas, como tentando encontrar equivalências das narrativas no próprio cotidiano e cultura dos escandinavos.
Deuses e Mitos do Norte da Europa, começa por um resumo comentado da Edda em Prosa escrita por Snorri Sturluson, considerado pela autora a principal fonte mitológica germânica, em seguida são apresentados os mais importantes deuses da guerra, do céu, da fertilidade, do mar e da morte, também são apresentados outros deuses mais enigmáticos da mitologia germânica, como Heimdallr, Loki e Baldr, e por fim a autora nos traz a criação e destruição do mundo, e a substituição da fé pagã pelo cristianismo. Sempre com essa preocupação por uma investigação baseada numa análise sócio-cultural desses documentos escritos e arqueológicos, de acordo com as abordagens mais modernas de estudos neste campo das ciências de investigação histórica.
A única falha do livro, e não da autora, diz respeito a tradução. Nota-se facilmente que o tradutor não tem conhecimento prévio do assunto, sendo assim a editora no mínimo teria que contratar um consultor para supervisionar e revisar a tradução. Várias falhas podem ser citadas, algumas tornam uma ou outra frase de difícil compreensão, principalmente para quem ainda não sabe muito do assunto.
O tradutor peca principalmente em suas textualizações, ou escolha delas, aliás um livro dedicado a um público mais especializado, de pesquisadores, deveria seguir a regra acadêmica de manter os nomes no idioma nórdico (Old Norse), que a autora fez, apenas simplificando, omitindo acentos e o r final, e substituindo as letras ð (maiúscula Ð) e þ (maiúscula Þ) por d e th respectivamente, como a autora explica na página 191 desta tradução.
Exemplo grotesco cometido pelo tradutor é, por exemplo, nos nomes das famílias divinas, que ele textualizou para Esirs e Vanirs e que, em Old Norse são Æsir e Vanir, respectivamente. Pois a terminação ir indica plural (masculino) em Old Norse, sendo assim é desnecessária a colocação do s. Existem textualizações melhores para o português, nestes casos, de uso mais corrente, que seriam Ase(s) e Vane(s), respectivamente. Outras textualizações são no mínimo de mal gosto, como nos nomes dos deuses Óðinn (Odin) e Þórr (Thor), que o tradutor colocou como, Odim e Tor, respectivamente.
Ouvindo: Amon Amarth - Cry of the Black Birds


E o Brasil toma mais um nabo nas Olimpíadas

E eu concordo com o Führer tem que chamar a Edinanci para treinar a seleção pq o rojão do Dunga é um estalo.

video escandalosamente roubado do blog do Profº Edson Gil http://edsongil.wordpress.com/

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Coruja e filosofia - o que fazem juntas?

Obverso: efígie de Atena. Reverso: uma coruja. Tetradracma de prata de Atenas, posterior a -449.
A coruja da filosofia é a Coruja de Minerva. Minerva é uma deusa romana. Seu equivalente grego é Athena.A deusa Athena é filha predileta do deus dos deuses, Zeus, e da deusa Metis, cujo nome significa "conselheira", e que indica a posse de uma sabedoria prática. Athena não nasceu de parto normal. Zeus engoliu a esposa, Metis, para se safar do filho que, pensava ele, poderia destroná-lo, aliás como ele próprio fez com seu pai, Cronos. O nascimento de Athena se dá de um modo especial: após uma grande dor de cabeça, Zeus teve sua fronte aberta por um de seus filhos, e daí espirrou Athena, já forte e grande.Athena seria a protetora natural de Athenas – uma vez que estava ligada à idéia de cuidado com as habilidades manuais, com as artes em geral, com a guerra enquanto capacidade de proteção e, enfim, com a sabedoria, ou seja, tudo que deveria comandar uma cidade. Todavia, foi desafiada por Poseidon, que também desejava ser o protetor da cidade de Atenas. Os deuses em reunião decretaram que ficaria com a cidade aquele que produzisse algo de mais útil aos mortais. Poseidon fez o cavalo, Athena fez a oliva. A vitória foi concedida a Athena.A disputa clássica na vida de Athena, no entanto, foi contra uma mortal – Arachne, talvez uma princesa, mas que aparece na mitologia como um tipo de doméstica. Arachne tecia muito bem, maravilhosamente, a ponto de dizerem que a própria deusa das habilidades, Athena, a havia ensinado. Mas Arachne negava tal fato e retrucava que poderia produzir uma rede muito superior a qualquer coisa que Athena fizesse. E assim desafiou a deusa.Athena transformou-se em uma velha e foi procurar Arachne, para aconselhá-la a não desafiar um deus. Mas Arachne ficou furiosa, e manteve seu desafio. E então veio o confronto. Ambas teceram rapidamente, mostrando uma habilidade incrível, e a própria disputa se fez de modo tão fantástico que parecia uma homenagem ao trabalho. No produto de Athena, as figuras tecidas mostravam os deuses, imponentes, mas desgostosos com a presunção dos mortais. No produto de Arachne, as figuras exemplificavam erros dos deuses – tudo em forma de deboche. O resultado foi que Athena não suportou o insulto, e se insurgiu contra Arachne. Quando foi para colocar fim na vida de Arachne sentiu piedade (piedade grega, não cristã, é claro) e a poupou, deixando-a viver como um estranho animal – a aranha.O mito tem como objetivo mostrar a criação da aranha, é claro. Mas, como sempre, fornece mais leituras: mostra Athena como compreensiva aos erros humanos: um deus que não fosse Athena não se daria ao luxo de virar uma mortal para, sutilmente, persuadir um outro mortal de não insultá-lo. Assim, com tal característica, Athena era de fato a condutora da cidade de Athenas, que recebeu tal nome por causa dela. Inspirados em Athena, os cidadãos gregos daquela cidade aprenderiam a se comportar diante das leis urbanas, deveriam tomar as melhores decisões, evitar conflitos e se proteger, ordenadamente – inclusive através da guerra – contra inimigos externos.A imagem de Athena povoou as mentes de alguns filósofos. Platão, ao falar de Athena, a tomou como protetora dos artesãos, ressaltando o caráter da deusa enquanto não somente uma guerreira e conselheira, mas efetivamente como aquela que, desde o momento que deu a oliveira aos mortais, estava preocupada em honrar a sabedoria prática, a habilidade de usar as mãos em articulação com o cérebro. Talvez Marx, ao falar que o pior engenheiro é ainda melhor que a melhor das aranhas, estivesse pensando, de fato, em Arachne. Mas certamente é com Hegel que Athena se imortalizou para nós modernos, finalmente, na sua ligação com a filosofia. É claro que predominou seu nome romano, Minerva. E mais que a própria deusa, a coruja ficou no centro da história. A frase de Hegel, que diz que a Coruja de Minerva levanta vôo somente ao entardecer, alude ao papel da filosofia. Ou seja, a filosofia só pode dizer algo sobre o mundo, através da linguagem da razão, após os acontecimentos que haviam de acontecer realmente acontecerem. Antes que "prever para prover", que é um lema de Comte e, portanto, do espírito cientificista, Hegel preferia dar crédito a uma postura filosófica que se via distinta da postura da ciência: a voz da razão explica – racionaliza – a história. Ou seja, depois da história, ela mostra que esta não foi em vão.Quando dizemos, com William James, que cada filosofia é o temperamento do filósofo que a criou, podemos então caminhar mais um pouco e dizer que Marx e Hegel aparecem como os que melhor encarnaram a própria psicologia de Athena para tecerem suas filosofias. Marx e Hegel, cada um com sua própria psicologia, seus temperamentos, captaram o espírito de Athena para fazerem disso espelhos para suas filosofias. Pois, afinal, Athena detinha com suas duas facetas o espírito de suas filosofias: de um lado, Athena era a protetora de uma democracia de artesãos, de outro, a racionalizadora das decisões urbanas. Portanto, Marx e Hegel, em essência!Mas sabemos que, de fato, o símbolo da filosofia ficou sendo a coruja, não Athena. Poderia ser outro animal, e não a coruja, o mascote de Athena? E como mascote da filosofia, o que indica?A coruja não é bela. Platão era tido como belo, mas Sócrates era horrível. A coruja não é adepta de uma visão unidirecional, ela gira a cabeça quase que completamente, vendo todos os lados. Platão era adepto de uma visão unificadora, mas Sócrates era quase um perspectivista. Platão ensinava em uma escola que, muitas vezes, foi oficial. Mas Sócrates ensinava nas ruas. Foi acusado e condenado por seduzir os jovens, por roubá-los da Cidade, da Pólis. A coruja, por sua vez, é a ave de rapina par excellence, e apanha os descuidados – na noite. Os leva da cidade, para seu ninho. E então, dá para entender, agora, o que é que coruja e filosofia fazem juntas?

Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo
http://www.ghiraldelli.pro.br/
http://www.filosofia.pro.br/

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Wacken 2009 no Brasil

Você não sabe o que é o Wacken é simplismente
o maior festival de METAL do mundo
"Wacken Rocks Brazil" será realizado em maio de 2009
Durante a entrevista coletiva realizada hoje (sábado), dia 2 de agosto, no Centro de Imprensa do Wacken Open Air, o maior evento de Heavy Metal do mundo, foi anunciado oficialmente que o festival terá sua primeira versão fora da Alemanha.

No ano de 2009, justamente quando o Wacken chega à sua vigésima edição alemã, acontecerá a primeira edição brasileira do evento, através de uma parceria entre o Wacken, a empresa brasileira Atos Entretenimento e a revista Roadie Crew.
O festival terá o nome de "WACKEN ROCKS BRAZIL" e ocorrerá na cidade de São Paulo (SP), nos dias 16 e 17 de maio de 2009.

Thomas Jensen, um dos sócios do Wacken, comentou durante a coletiva de imprensa sobre a realização do evento no Brasil: "Existem negociações para levarmos o espírito do Wacken para diferentes lugares do mundo, inclusive a Austrália, mas o primeiro evento com o nome Wacken fora da Alemanha será realizado no Brasil em maio de 2009 e se chamará WACKEN ROCKS BRAZIL. Estão aqui nossos parceiros brasileiros, e acabamos de assinar o contrato que envolve a ICS-WOA, ATOS e Revista Roadie Crew", disse em resposta a uma pergunta de uma jornalista australiana.

Mais informações em breve!

Site relacionado:Wacken Open Air - www.wacken.com.