domingo, 16 de novembro de 2008
James Elroy Flecker
Entre a morte vermelha e o desejo radiante
Sem um único som de triunfo ou alerta
Surge o grande sentinela na ponte de fogo
Ó alma transitória, que adorna com sonhos o teu pensamento
Abandona a coroa de louros, remove as coradas da lira:
As rodas do Tempo estão girando, girando, girando,
A corrente vagarosa flui profunda e não se cansa.
Os Deuses estão sobre sua ponte,
Sussurrando mentiras e amor
Zombaram de tua passagem pelo rio sombrio
Cujas correntes incansáveis
Levarão a ti, rei dos sonhos,
- Destronado e eternamente inacessível -
Para onde os reis que sonharam outrora
Embranquecem em lares de frio monumental.”
James Elroy Flecker (1884-1915)
domingo, 14 de setembro de 2008
Arquitetura da Destruição
Passadas seis décadas - e as gerações surgidas nelas - o nazismo continua um assunto inesgotável e presente no mundo e nas mentes humanas. Todo o absurdo gerado pelo nascimento desta ideologia, onde as sombras da humanidade foram trazidas à luz de modo exacerbado, assusta pela truculência, pela brutalidade, pela frieza, pela morbidez e por outras características que permanecem pavorosas depois de tanto tempo, daí exercer até hoje um fascínio imenso em todos que não compreendem ou se horrorizam no enfrentamento com a escuridão da nossa alma. Visitar ou re-visitar a área de penumbra gerada por Adolf Hitler é material de muita literatura, cinema, artes plásticas e documentários e parece inesgotável. Num mundo onde grupos neo-nazistas pregam o re-erguimento desta ideologia e até mesmo a existência do Holocausto é questionada por governantes anti-sionistas como surge frequentemente na pauta das matérias jornalísticas, faz-se necessário um não esquecimento deste momento vivido pela humanidade para se evitar os mesmos erros.
Com um trabalho de pesquisa minucioso, o diretor mostra como Hitler esboçou suas metas culturais lá nos anos 20, na concepção do seu “Mein Kampf”, onde estabelece os limites cabíveis na Nova Alemanha, que surgiria das cinzas da Primeira Grande Guerra, qual fênix sedenta, acima de tudo, de morte e destruição. Falava ele: “Que são Goethe, Schiller ou Sheakespeare em comparação com os grandes heróis da nova poesia alemã? Gastas e obsoletas coisas de um passado que não podia mais sobreviver! A característica desses literatos é que eles não só produzem somente sujeira, mas, pior do que isso, lançam lama sobre tudo que é realmente grande no passado”. Montanhas de livros sendo queimados em praça pública pela Juventude Hitlerista são imagens assustadoras que ilustram a prática recorrente naqueles tempos dos quais fugiram Thomas Mann, Hermann Hesse e outros exilados desta “revolução cultural”. E imaginar que tudo foi perpetrado por Hitler, ele mesmo um aspirante a pintor que jamais ultrapassou a barreira do medíocre. Este mesmo “artista” ou “esteta” exibia a produção das artes plásticas da época, onde residem as raízes de toda a vanguarda contemporânea, em salões que intitulava “arte degenerada”. Os valores eram (e deviam ser) os da antiguidade clássica. Nada de novas concepções. Nada de renovações. Assim como a raça ariana deveria prevalecer como ideal a ser alcançado, sua arte também deveria imperar. Uma nova estatuária “clássica” surge e uma pintura “patriótica” preenche as paredes enquanto os museus dos países ocupados são saqueados impiedosamente. Até mesmo o estabelecimento do padrão plástico racial apregoado pelo Terceiro Reich segue critérios assustadores que vão desde a seleção genética do povo alemão, passando pela eliminação das “sub-raças” até o experimentalismo dos médicos, aos quais eram dadas as liberdades científicas que horrorizaram o mundo. O desenrolar destas imagens durante o documentário vai nos esmagando na poltrona até um momento síntese, que é a aparição de Albert Speer no cenário nazista.
E assim foi. Um sobrevôo sobre Berlim ao término da guerra mostra que ruína foi a herança deixada para o povo alemão.
domingo, 7 de setembro de 2008
Fãs de música clássica e heavy metal são parecidos, diz estudo
Os resultados sugerem, por exemplo, que fãs de jazz são criativos e extrovertidos, enquanto aqueles que gostam de música pop tendem a ter pouca criatividade.
Segundo o professor Adrian North, que liderou o estudo, a surpresa foi descobrir semelhanças na personalidade de fãs de música clássica e heavy metal.
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
FILOSOFIA NO MOSTEIRO
100 anos: 1908-2008
A mais antiga Faculdade de Filosofia do Brasil
Apresenta
FILOSOFIA NO MOSTEIRO
Palestras sobre os grandes temas abordados pela tradição filosófica e suas repercussões na contemporaneidade .
Acontece na primeira sexta-feira de cada mês (exceto férias e feriados)
05 de Setembro de 2008
Palestrante: Profº. Dr. Edélcio Gonçalves de Souza
Tema: O Conceito de Verdade na Ciência
Horário: meio-dia
Local: Teatro do Mosteiro de São Bento
Largo de São Bento s/nº - Centro – São Paulo
ENTRADA FRANCA
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Desembargadora cita HQ 'Watchmen' em decisão contra milícias no Rio
Diego Assis
Do G1, em São Paulo
Liga da Justiça
Coincidência ou não, uma das milícias envolvidas na mesma investigação policial no Rio atende pelo nome de Liga da Justiça, nome do grupo de super-heróis mais famoso da DC Comics, a mesma editora que publicou "Watchmen", nos Estados Unidos.
domingo, 24 de agosto de 2008
Deuses e Mitos do Norte da Europa
O livro é direcionado, como dito, a um público acadêmico, mas sua linguagem também é acessível para leigos. A autora busca explicações não somente nas fontes escritas, entre elas a Edda em Prosa e a Edda Poética, e as Sagas Nórdicas, mas também em achados arqueológicos e topônimos, como uma forma de analise. Percebe-se em todo o texto desta historiadora britânica uma preocupação em identificar significados sociais e culturais, seja a partir de possíveis origens etimológicas, como tentando encontrar equivalências das narrativas no próprio cotidiano e cultura dos escandinavos.
Deuses e Mitos do Norte da Europa, começa por um resumo comentado da Edda em Prosa escrita por Snorri Sturluson, considerado pela autora a principal fonte mitológica germânica, em seguida são apresentados os mais importantes deuses da guerra, do céu, da fertilidade, do mar e da morte, também são apresentados outros deuses mais enigmáticos da mitologia germânica, como Heimdallr, Loki e Baldr, e por fim a autora nos traz a criação e destruição do mundo, e a substituição da fé pagã pelo cristianismo. Sempre com essa preocupação por uma investigação baseada numa análise sócio-cultural desses documentos escritos e arqueológicos, de acordo com as abordagens mais modernas de estudos neste campo das ciências de investigação histórica.
A única falha do livro, e não da autora, diz respeito a tradução. Nota-se facilmente que o tradutor não tem conhecimento prévio do assunto, sendo assim a editora no mínimo teria que contratar um consultor para supervisionar e revisar a tradução. Várias falhas podem ser citadas, algumas tornam uma ou outra frase de difícil compreensão, principalmente para quem ainda não sabe muito do assunto.
O tradutor peca principalmente em suas textualizações, ou escolha delas, aliás um livro dedicado a um público mais especializado, de pesquisadores, deveria seguir a regra acadêmica de manter os nomes no idioma nórdico (Old Norse), que a autora fez, apenas simplificando, omitindo acentos e o r final, e substituindo as letras ð (maiúscula Ð) e þ (maiúscula Þ) por d e th respectivamente, como a autora explica na página 191 desta tradução.
Exemplo grotesco cometido pelo tradutor é, por exemplo, nos nomes das famílias divinas, que ele textualizou para Esirs e Vanirs e que, em Old Norse são Æsir e Vanir, respectivamente. Pois a terminação ir indica plural (masculino) em Old Norse, sendo assim é desnecessária a colocação do s. Existem textualizações melhores para o português, nestes casos, de uso mais corrente, que seriam Ase(s) e Vane(s), respectivamente. Outras textualizações são no mínimo de mal gosto, como nos nomes dos deuses Óðinn (Odin) e Þórr (Thor), que o tradutor colocou como, Odim e Tor, respectivamente.
Ouvindo: Amon Amarth - Cry of the Black Birds
E o Brasil toma mais um nabo nas Olimpíadas
E eu concordo com o Führer tem que chamar a Edinanci para treinar a seleção pq o rojão do Dunga é um estalo.
video escandalosamente roubado do blog do Profº Edson Gil http://edsongil.wordpress.com/
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Coruja e filosofia - o que fazem juntas?
Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo
http://www.filosofia.pro.br/
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Wacken 2009 no Brasil
No ano de 2009, justamente quando o Wacken chega à sua vigésima edição alemã, acontecerá a primeira edição brasileira do evento, através de uma parceria entre o Wacken, a empresa brasileira Atos Entretenimento e a revista Roadie Crew.
O festival terá o nome de "WACKEN ROCKS BRAZIL" e ocorrerá na cidade de São Paulo (SP), nos dias 16 e 17 de maio de 2009.
Thomas Jensen, um dos sócios do Wacken, comentou durante a coletiva de imprensa sobre a realização do evento no Brasil: "Existem negociações para levarmos o espírito do Wacken para diferentes lugares do mundo, inclusive a Austrália, mas o primeiro evento com o nome Wacken fora da Alemanha será realizado no Brasil em maio de 2009 e se chamará WACKEN ROCKS BRAZIL. Estão aqui nossos parceiros brasileiros, e acabamos de assinar o contrato que envolve a ICS-WOA, ATOS e Revista Roadie Crew", disse em resposta a uma pergunta de uma jornalista australiana.
Mais informações em breve!
Site relacionado:Wacken Open Air - www.wacken.com.
sábado, 2 de agosto de 2008
quarta-feira, 30 de julho de 2008
30/07 Um epitáfio sem nostalgia
É verdadeiramente impressionante o quanto certas experiências podem ter um papel realmente decisivo nas grandes mudanças de paradigmas de um determinado individuo, o quanto os acontecimentos transformam a percepção, a maneira de encarar o mundo.
Creio poder dizer que é inerente a passagem a modificação estrutural, a mutação de ideais, sonhos, crenças, tudo o que o tempo toca se transforma, degenera, nada permanece imutável, por mais que nossa vontade seja forte quando se trata de uma mudança estrutural a própria vontade se modifica.
Trato aqui das mudanças substanciais isso não tem nada a ver com as mudanças superficiais, de momentos, de modismos, das mutações provenientes de uma vontade efêmera.
As experiências não me deixam de impressionar o quanto nos agarramos a elas, mesmo quando já estão podres, decompostas, quanta estupidez humana tentar reviver certas coisas, pertencentes exclusivamente ao passado, o que nos faz querer tanto essa “sombra”, esta ilusão? Sinceramente não sei, talvez seja por solidão, talvez por medo, quem sabe encarar uma realidade completamente ilógica seja uma tanto quanto acido demais as problemáticas são diversas e as soluções também devem ser...
De minha parte resolvi este problema de uma forma simples porem não menos dolorosa, deixar de lado as lembranças não é tarefa fácil, enterrar as melhores é quase impossível, mas foi justamente a compreensão de que tudo é perecível que me ajudou bastante, você deve aprender com as experiências não ser controlado por elas, e o quanto antes nos damos conta de que a dinâmica do movimento da existência é geração e corrupção menos nos decepcionamos com ela.
“Mate suas mais doces lembranças
Cave fundo
Enterre o que restou
A principio você deve enlutar-se
Deve chorar
Você vai sentir o coração apertado
Com o tempo isso vai passar
Até um momento em que não vai doer mais
Afinal elas estão mortas
E você vivo
Viva”
Rafael Caminhas
Ouvindo: Norther - Death unlimited
segunda-feira, 21 de julho de 2008
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Batman - The Dark Knight
terça-feira, 15 de julho de 2008
Justiça - Raffaello Sanzio
A Justiça já foi chamada também "arte de conviver", uma formulação que por sua vez pode também ser mal-interpretada, como se não se tratasse de nada mais do que de arranjar-se com os outros. Não é isso, no entanto, o que se quer dizer, e sim, mais propriamente, um conviver em que cada um recebe o que lhe é devido: "A cada um o que é seu", como diz a antiga sentença.
Precisamente isto - assim o tem afirmado o clássico pensamento ocidental desde os antigos gregos até as encíclicas sociais dos papas -, precisamente isto é a Justiça: a vontade, constante de dar a cada pessoa, com quem nos relacionamos, aquilo que lhe é devido.
A Justiça é pois, como vemos, algo que está em segundo lugar; ela pressupõe algo diferente de si mesma: a saber, que, primeiro, haja alguém a quem algo é devido e que aquele que é convidado a exercer a Justiça aceite esse dever.
Agora, quanto à pergunta sobre se e por que razão algo é devido ao outro (e, naturalmente, também a mim), e sobre o que se lhe deve dar ou conceder - a esta pergunta não se responde facilmente. Que ao trabalhador é devido o justo salário, ainda é o mais fácil de evidenciar (ainda que na época dos campos de trabalhos forçados isto não seja tão evidente quanto parece).
No que deve residir, então, a causa de que a todo aquele que porta uma face humana, simplesmente pelo seu ser-homem, algo lhe seja devido inalienavelmente? Por exemplo, que a sua honra como pessoa seja respeitada. O conceito de pessoa, de fato, é aqui decisivo - enquanto se compreende "pessoa" como um ente que existe para seu próprio aperfeiçoamento e realização. Mesmo assim, em caso de conflito, ao se chegar aos extremos, não basta retroceder ao mero ser-pessoa (como supunham alguns filósofos idealistas). É necessário nesses casos, poder colocar em jogo uma instância absoluta, mais além de qualquer instância humana, ou, dito de outro modo: o outro deve ser-me intocável por eu o ver como ente criado por Deus como pessoa.
Não se pense ser esta uma concepção especificamente cristã ou teológica. Foi um chinês confuciano quem declarou - aos seus colegas da comissão da UNESCO para a reformulação dos direitos humanos, presumivelmente atônitos -, que lhe havia sido transmitido por tradição, como fundamento dos direitos humanos, que "O Céu ama o povo e quem exerce o poder deve obedecer ao Céu". E Emanuel Kant - que não era lá propriamente um teólogo cristão - diz: "Temos um santo regedor e o que Ele deu ao homem de sagrado é o direito dos homens".
Garantir e proteger esse direito é o sentido intrínseco do Poder. E quer se trate do poder político ou da autoridade em círculos menores (família, unidade militar, empresa) sempre vale: quando o Poder não cuida da Justiça, ocorre invariavelmente a injustiça, e não há injustiça mais desesperadora no mundo dos homens do que o uso injusto do poder. E, no entanto - e é uma idéia tão desagradável - poder do qual não se pode abusar, no fundo não é poder...
Mas aquele que aprofundar mais deparará com uma nova condição, ainda mais radical, no tema da Justiça. Pois o mundo dos homens está feito de tal maneira que, em alguns casos determinados e altamente significativos é impossível dar efetivamente ao outro aquilo que - sem sombra de dúvida - lhe é devido. Os antigos pensavam aqui, antes de mais nada, nas relações com Deus; a Ele não podemos, na verdade, dizer, nem mesmo a respeito de um único instante: "Já te dei o que te devia, agora estamos quites". Por isso, por essa incapacidade da Justiça, os grandes mestres do cristianismo afirmavam que no caso das relações com Deus, deveria entrar, em vez da Justiça, como substituto, como Ersatz, a modo de recurso improvisado, a religio: entrega, adoração, disposição para o sacrifício, atitude de reparação.
Quando nos sabemos assim agraciados e endividados diante de Deus e dos homens, não pautamos tão facilmente nossa vida pela atitude de reivindicações que pergunta: "O que me é devido?".
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Aquisições para as férias
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Sandman - Vidas Breves
Páginas: 264 páginas
Formato: 19 x28,2 cm
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Sandman - Fim dos Mundos
Formato: 19 x 28,2cm, capa dura
Páginas: 168 de miolo + guardas + capa dura
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O Casamento do Céu e do Inferno & Outros Escritos
William Blake
L&PM Pocket Plus
Gênero: Poesia
Páginas:136
Grandes Castelos da Europa
Gênero: DocumentárioAno de Lançamento: 2005
Distribuidora:True Tech
Duração: 100 minutos
Áudio: Português: Dolby 2.0 Inglês: Dolby 2.0
Legenda: Português, Inglês Vídeo : Standard
domingo, 6 de julho de 2008
Prostituindo Platão
sábado, 5 de julho de 2008
Dia Triste, não vou me perdoar nunca
Neil Gaiman na Flip hoje
Autógrafo (será que um dia eu vou conseguir o meu ?)
Acabou o Semestre
Em minha sala este semestre tinha um pessoal muito esquisito (também o que eu queria eu faço filosofia, curso de gente esquisita), tinha uma mulher que gritava muito na sala e enchia o saco durante as provas fazendo colocações no mínimo duvidosas a respeito de assuntos totalmente descabidos, também tinha um cara meio estranho que me lembrava o Gargamel dos Smurfs só que pançudo, e tinha também um enrustido que vivia cantando musicas de louvor durante os intervalos e dormindo durante as aulas.
Mas também tinha um pessoal muito intelectualizado (leia-se entendo do que estou falando), que realmente lia o conteúdo das disciplinas, tinha um cara muito firmeza que ouve black metal e gosta de poesia, ele quase não ia nas aulas e sempre tirava boas notas, e por incrível que pareça sem colar, tinha uma garota que sempre ficava vermelha como um tomate quando alguém olhava para ela, teve um cara que deixou o professor sem resposta e também teve é claro os ½ quilo que não fediam nem cheiravam.
Os professores foram um caso a parte, tive aulas novamente com o Flávio de teoria do conhecimento (ele já tinha dado aula de lógica I no primeiro semestre), tinha o grande menino que foi o responsável por nos fazer entender porque raios metafísica tem esse nome e que Aristóteles jamais usou esse nome para seus escritos sobre a dita cuja metafísica, teve também o profº Edson Gil que nos propôs uma nova visão do pensamento Cartesiano, passamos por todo renascimento com ele, muitos alunos não achavam ele legal, eu achei ele um bom professor, em filosofia política tivemos o Isaar que nos contou tudo sobre a época em que ele tinha um Fiat 147 ou será que era uma Brasília e quando ele vinha pela marginal escutando a rádio bandeirantes AM e ficou com vontade de mandar um e-mail para um entrevistado que falou alguma abobrinha, sobre política mesmo ficamos mais nos sofistas e formas clássicas de governo, uma grata surpresa foi o profº Mazzuco de Antropologia filosófica, ótima didática, muito espirituoso dava gosto de ficar na quarta feira quando tinha jogo na TV para assistir as aulas dele, e finalmente em didática tivemos a profª Ivetti essa eu não vou falar nada clique AQUI e veja as aulas dela.
Foi um ótimo semestre minhas notas em comparação ao 2º melhoraram um pouco, espero que o próximo seja mais doido ainda.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
Sedução e persuasão
SEDUÇÃO E PERSUASÃO: OS “DELICIOSOS” PERIGOS DA SOFÍSTICA POR MARKUS FIGUEIRA DA SILVA Professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
RESUMO: Este artigo atualiza uma polêmica que atravessa as relações entre filosofia e educação, pelo menos desde o (des)encontro entre Platão e os sofistas: é a virtude que há de se ensinar? É a política? É a retórica? A tese aqui defendida é que o domínio atual da ignorância e da utilidade é um resultado, lamentável, do triunfo dos ideais sofísticos sobre os platônicos.
Atualmente a palavra “ética” é mais escrita, mais pronunciada,mais reclamada que a própria palavra “filosofia”. Para o sensocomum, ética figura como uma espécie de correção da conduta,ou ainda como modelo disciplinar. Pode-se definir a ética como a parteda filosofia que problematiza o agir humano. Mas o que vemos é ocontrário, a ética é reclamada como solução para os problemas definidosno âmbito das sociedades. Em pouco tempo a massificação dotermo e o escamoteamento do seu sentido originário como conceitotêm submetido a noção de “ética” a uma banalização tamanha queacaba por afastá-la do seu sítio natural que é a filosofia. Há um grandeperigo em atribuir à palavra “ética” um valor meramente utilitário.A ética não é apenas um termo instrumental, ela se constitui numproblema pensado por toda a tradição filosófica, e o risco de se perdera capacidade de problematizá-la conduz necessariamente a umdesastre, que é transformá-la numa aparente noção, facilitando-a,coisificando-a e vulgarizando-a. Tal preocupação já havia sido levantadapor Platão em seus diálogos,1 quando dissocia a dialética da retórica,ou ainda quando diferencia a busca de um verdadeiro saber dosimples exercício de uma téchne. Ainda que não possamos aprofundarneste momento o sentido desta afirmação, não podemos deixar defazê-la: quando Platão acusa o sofista de fracassar por dizer o não-serno lugar do ser, esse fracasso pode ser dito apenas do ponto de vistaepistemológico, mas não do ponto de vista da efetividade histórica,uma vez que os sofistas fundaram o primado da aparência, erigindo,no lugar da problematizadora filosofia, a facilitadora retórica. As terríveisconseqüências deste procedimento podem ser percebidas no exercícioda política por meio das técnicas de dominação operadas pelosdiscursos.Vem de longe a idéia de que é possível moldar o ethos por meioda educação. Desde a Grécia Antiga, precisamente no século V a.C., afigura do didáskalos, isto é, o professor, toma o lugar do poeta-aedo nacondução (agogé) do processo formativo do cidadão. A sofística iniciaum movimento de tornar públicos os ensinamentos com a promessade formar homens sábios, virtuosos, poderosos e felizes. Paralelamentea este novo modelo de educação surge a idéia de publicidade. Entre asduas a mais forte, a que vigora hoje como instrumento massificador eseduz com uma eficácia sem limites os sentidos por ela capturados ésem dúvida a publicidade.
Utilitarismo e pragmatismo
Considerar a educação como estratégia fundamental para moldara cidadania – paidéia – é uma idéia antiga e tradicional, porém desde operíodo socrático-sofístico essa idéia aparece como fundamentadora danoção de ética e, mais que isso, como manancial de problemas teóricosque ensejam a prática da política. Neste sentido, a retomada do pontode vista dos sofistas (Platão, Prot. 319a), “ensinar a arte da política e empreenderfazer dos homens bons cidadãos”, anuncia o lugar da ética comoprefiguradora da política e da educação como prefiguradora do éthos. Osaber divulgado pelos sofistas sempre foi entendido como sendo do âmbitoda filosofia, o que não quer dizer que seja filosófico, ou seja, o que éfilosófico é o embate em torno da possibilidade do ensino da arte (téchne)política. O que está em jogo é a eficácia da educação para modelar o éthosde uma sociedade.
Vê-se com isso que a má compreensão da relação entre retórica efilosofia pode ter sido a origem do erro de considerar-se hoje a ética maisimportante que a filosofia ou, ainda, de definir a ética como um conjuntode normas convencionadas em sociedade para atuarem como dispositivosde correção da conduta dos indivíduos. O problema dobrade tamanho quando entra em questão o uso que se faz da ética pelosinstrumentos de poder.
A deteriorizacão dos valores é hoje em dia reclamada pelos “corretoresda ética”, entretanto o que eles reclamam é a reforma da conduta,a eficácia da norma. O que deixam de fora da reclamação é a discussãofilosófica, isto é, o discurso que reclama a ética deixou perder-seo diapasão filosófico, tornou-se ideologia, ou um conjunto de preceitosdefinidos no interior de determinados segmentos da sociedade. Tais“corretores” agem no sentido de setorizar os modelos de conduta, produzindouma fórmula ética para cada setor da sociedade. Com isso elesprecipitam no abismo a unidade da ética. Promovem uma imageminautêntica dela, separam-na da filosofia. Mas o que se esconde por trásdesta atitude? O interesse pusilânime na fabricação de resultados. Estaprática se sustenta na apropriação indevida da natureza humana, tornando-a coisa, reduzindo o seu sentido natural de realização a um elementonumérico, estatístico, operado pela racionalização econômica epolítica por meio da sedimentação cada vez maior de uma lógica pragmáticae utilitária. Neste sentido, é crescente o número de cartilhas,códigos, normas de conduta que têm como objetivo a otimização da produçãode bens mediante a correção dos desvios de comportamento isoladose nocivos ao funcionamento dos sistemas definidos segundo uma mecânicaque exclui a autonomia do humano e calcifica a pragmaticidade davida, cuja finalidade se mostra nos resultados que contabilizam ganhoseconômicos e políticos. Haveria aqui um erro de interpretação das idéiashá muito desenvolvidas ou, ainda, o esquecimento do humano como valorfundamental precipitou a filosofia numa plástica de vida na qual ela mesmaficou subordinada ao útil? Vejamos…
Paidéia
Pode-se dizer que a sofística deu início a um movimento educacionalpoderoso, do qual ainda e mais do que nunca somos herdeiros, e que temcomo estratégia de dominação a publicidade e como justificativa a necessidadede uma formatação espiritual do indivíduo. É, portanto, na política e na éticaque mergulham as raízes do seu modelo de educação (Paidéia, 238).
Sedução e persuasão
A política passará a ser exercida em todos os meandros da sociedade eserá definida como a arte da persuasão. Persuasão como convencimento epersuasão como falácia e hipocrisia.
A eficácia persuasiva é anunciada por Górgias como finalidade maiordo discurso (Colli, p. 83). É a hegemonia da retórica que passa a interessar.A retórica surge com a dialética por uma “necessidade política”: “Noconfronto com as formas expressivas da arte e com os produtos da razãoligados à esfera política, a linguagem dialética entra no âmbito público”(Colli, p. 85).
A retórica anuncia a figura do orador que luta para subjugar a massade seus ouvintes. O lugar do discurso reveste-se de poder, passando a ser olugar da autoridade. A formação dos indivíduos prima por estabelecer umhiato entre os que definem com seus discursos (logoi) o lugar da autoridadepolítica e aqueles que a ela se submetem. A noção de sabedoria para a cidadedos muitos discursos passa a ser identificada com o poder. Assim, o éthos, oua conduta, ou, ainda, o modo de ser dos cidadãos, obedece à dualidade deposições sociopolíticas defendida pelos retóricos: de um lado a formação deuma classe de políticos-oradores que tende a ocupar os cargos públicos, deoutro a formação de uma massa de receptores de discursos, manipulados emsuas paixões, docilizados pela aparência dos discursos políticos. Os sofistasprometiam a seus ouvintes/alunos, segundo Platão, que por intermédio dassuas lições eles alcançariam a excelência (areté) da téchne oratória que os levariaa predispor do modo mais eficaz possível o surgimento da emoção nopúblico. Daí a construção da plástica figura do orador-político, cujas armassão a sedução e a persuasão. O problema surge quando, ao invés da formaçãointegral do espírito político (cidadão), busca-se o treinamento e a composiçãode uma imagem plástica do político identificado de imediato com afigura do homem de poder, o que encanta o público com um discurso“agradável” e eficaz. Funda-se com isso o primado da aparência (dóxa), ouseja, o conteúdo dos discursos visa a mexer com a emoção do público,apaixoná-lo, e não instruí-lo ou educá-lo. Subverte-se com isso o sentido originárioda paidéia, que era o de formar integralmente os indivíduos e tornáloscidadãos. Opera-se uma cisão entre o sentido paidêutico necessário àconstituição de uma sociedade ciente dos valores a serem praticados e umaimagem da política que se perpetua pelo fetiche e pela facilidade de aceitaçãopromovida pela publicidade fabricada.
Deliciosos perigos.
A noção de útil convencionada e praticada nas relações políticasacaba por delimitar o modo de vida comum dos homens em sociedade.
Em nome da utilidade proclamam-se saberes, normas, regras de conduta.Ocorre que o conflito se mostra quando se deparam as duas noções deutilidade, a saber: o útil do ponto de vista subjetivo e o útil do ponto devista objetivo.
Quando considerado do ponto de vista subjetivo, é útil tudo o queé do interesse de quem pensa os critérios da utilidade e a maneira depraticá-los. Quando considerado do ponto de vista objetivo, o útil apresenta-se sob a forma de resultados. Assim, para o bom funcionamento dasociedade como lugar dos muitos discursos é mister que os critérios e aspráticas subjetivas configuradores do poder construam os seus “cantos desereia”, isto é, que representem a prática da vida segundo um modelo aparente,otimizador das relações de produção que, não obstante, esconde aambigüidade de ser “belo e agradável”, quer dizer, apaixonante, mas tambémrestritivo e condicionante. Ser ético passa a ser seguir as determinaçõescodificadas e não pensá-las, muito menos problematizá-las. Do ponto devista dos resultados obtidos com a prática freqüente dos valores, a ética destina-se aos elementos da coletividade. Contudo, tendo-se em conta a subjetividadeprodutora de valores, o útil não se mostra nos resultados, masnos interesses que entoam a ordem melódica do canto da sereia: o poderefetiva-se por meio dos discursos e aquele que o exerce se regozija com arealidade político-social mantida nos limites da aparência.
O discurso que seduz e convence produz uma espécie de deleite:ele diz aquilo que se espera ouvir, porém de modo agradável. Como dizCícero, a boa retórica é aquela que produz três tipos de afecção, a saber:docere (instruir, ensinar), delectare (agradar) e movere (comover) (apudReboul, 2000, p. XVII).
O problema reside na aparente objetividade do discurso. A coletividadeaceita aquilo que lhe parece agradável. Ora o que parece agradávelnão produz desconfiança e torna-se um “delicioso” perigo pelo qual multidõesse deixam seduzir empenhando-se em atingirem e manterem o quantofor possível o que lhes é solicitado. Tem-se então a educação reduzida auma espécie de adestramento, ou seja, a educação presente nas estratégiasdisciplinatórias, próprias para a modelagem da conduta. Esta concepçãode educação não visa ao pensamento, não visa à descoberta, não visa à criação,pelo contrário, coisifica o homem a ponto de torná-lo um seguidor deregras, exilado de seu pensamento, aparentemente satisfeito em ser útil aosistema do qual é refém. A educação não é um instrumento de revolta, elaé prefiguradora de um comportamento homogêneo e servil. Adequar-se aoútil; autodeterminar-se ao cumprimento das normas prescritas sob a formade um código de conduta aniquila o pensamento, inibe a criatividade,condena o homem coletivo a ignorar os seus limites e as suas possibilidades.A educação como apanágio do pragmatismo e do utilitarismo condenaa sociedade ao desprezo da inteligência,2 despotencializando a naturezahumana.Ora, há quem diga que não era este o projeto da sofística e de fatonão podemos reduzir a contribuição dos sofistas ao mau uso que fizeramdos seus pensamentos. Entretanto tal perigo sempre existiu. Para os sofistasgregos na Antiguidade Clássica, a produção dos discursos, o uso e o domínioda téchne discursiva eram criativos, agradáveis, pois, segundo elesmesmos, produziam subjetividades felizes e bem logradas. A subversão dasofística pelo uso do poder político e a subjetividade produzida por essepoder sedimentaram a desvalorização da inteligência, intimidaram a criaçãoe produziram, por meio da educação sistemática e teleológica, o útilignóbil coletivo e o domínio político da ignorância. O maior temor dePlatão realiza-se século após século, em ordem crescente. A espécie humanavive e sonha com bens úteis, inerentes à caverna.
Notas
sábado, 28 de junho de 2008
Novos cartazes de Punisher: War Zone
Neil Gaiman, no Brasil em julho!
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Watchmen e a teoria do caos
Para responder a essas perguntas, Moore lançou mão de um dos princípios da teoria do caos: o efeito borboleta.
Moore transpôs o conceito para os quadrinhos. Se o bater de asas de uma borboleta pode ter conseqüências tão imprevistas, imagine-se o surgimento de super-heróis... Para Moore, o mundo jamais seria o mesmo.
Vista sob a perspectiva dos anos 90, Watchmen destaca-se por ser uma obra nitidamente pós-moderna. Algumas características das obras pós-modernas podem ser facilmente encontradas na HQ. Entre elas, o uso de formas gastas e da cultura de massas. Na época em que Watchmen foi publicada, a narrativa super-heroiesca parecia destinada ao desaparecimento.
A construção em abismo é outra característica que encaixa Watchmen no grupo de obras pós-modernas. A história se inicia com uma trama básica, a respeito de um matador de mascarados, e, a partir dela, desmembram-se outras tramas. Como num fractal, à medida que nos aprofundamos, a história vai nos revelando novas complexidades.
Mas a principal característica pós-moderna da história parece ser a mistura do sério com o divertido. Divertido porque Watchmen é uma história de super-heróis e, em certo sentido, policial, e guarda muitas características desses dois gêneros.
Estas e outras considerações são traçadas por Gian Danton sobre a obra de Alan Moore e Dave Gibbons, uma das mais importantes criações das histórias em quadrinhos.
- Watchmen e a teoria do caos
Gian Danton
Coleção Quiosque nº 13
João Pessoa: Marca de Fantasia, 2005. 84p, 12x18cm. R$12,00
ISBN 85-87018-56-6
Indicado para quem leu Watchmen e gosta das obras de Alan Moore.
terça-feira, 24 de junho de 2008
Lev Yashin
Lev Yashin jogou apenas por um clube em toda a sua carreira: o Dínamo de Moscou.
Foram 22 anos vestindo a camisa do time.Com o Dínamo, Yashin faturou cinco campeonatos europeus e três títulos dentro da União Soviética. Até hoje, ele continua sendo o único goleiro na história a receber o prêmio de melhor jogador europeu - o que aconteceu em 1963.
segunda-feira, 23 de junho de 2008
Você é o Dohko! Ao lado de Shion de Áries, foi o único sobrevivente da última Guerra Sagrada contra Hades. Com a técnica Misopheta Menos, conseguiu acumular energia por mais de 200 anos. Para isso, ficava sentado na frente da Cachoeira de Rozan com a identidade de Mestre Ancião. O Mestre de Shiryu, além de ser um dos mais poderosos, é o único Cavaleiro de Ouro original que se mantém vivo até o final.
Você é o Shiryu! O mais sábio dos Cavaleiros de Bronze chegou a recuperar a visão depois de matar Máscara da Morte de Câncer. Ele possui apenas um ponto fraco, vulnerável apenas quando lança seu golpe. A sua força compete com Seiya em poder, e a armadura de Dragão tem o escudo mais poderoso dentre todos.
eu juro que não manipulei o resultado...rs
domingo, 22 de junho de 2008
I Sebo Cultural - UNIFAI
O evento contou com a presença dos professores do curso e também shows de musica e peça de teatro, os alunos e visitantes puderam conferir o lançamento do livro “Sol de Primavera” da aluna Rosemary Chaia, e adquirir vários livros, valendo destacar o livro “As Máscaras do Cogito: A interpretação da realidade humana pela ontologia fenomenológica de Jean-Paul Sartre” da professora Neide Coelho Boëchat, mestra e doutora em filosofia pela PUC – SP.
Que este seja o primeiro de muitos eventos organizados pelo curso de Filosofia, todos os envolvidos e participantes estão de parabéns.
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Metal - A Headbanger's Journey
Há sete anos Sam Dunn resolveu investigar as origens e o impacto cultural do género, tendo visitado o Reino Unido, Alemanha, Noruega, Canadá e Estados Unidos na companhia de Scot McFadyen, guionista e realizador de cinema, para cumprir esse desígnio. O resultado é o documentário Metal: A Headbanger's Journey (aqui numa edição especial com dois DVDs), estreado no Festival Internacional de Cinema de Toronto, no Canadá, em 2005. Na prossecução do seu objectivo Dunn entrevistou figuras míticas como Tony Iommi (Black Sabbath), Dee Snider (Twisted Sister), Vince Neil (Mötley Crüe), Bruce Dickinson (Iron Maiden), Alice Cooper, Ronnie James Dio, Lemmy (Motörhead), Tom Arya e Kerry King (Slayer), entre muitas outras. Executivos da indústria, sociólogos, musicólogos, escritores, jornalistas, investigadores, DJs e outros peritos foram igualmente ouvidos. Portanto, Metal: A Headbanger’s Journey é muito mais do que uma peça cinematográfica, revelando-se um misto de rigorosa investigação académica e jornalística, em que se tenta perspectivar, de dentro para fora – e de forma lúdico-didática -, a visão que os fãs de Metal em particular e a sociedade em geral têm do género. Notoriamente, Dunn esforçou-se por desenvolver um trabalho imparcial. Consegui-o na medida exacta em que separa a ética académica do cientista social (determinante para garantir a validade científica de uma investigação) e o entusiasmo esfuziante do fã apaixonado. Seguramente, não terá sido fácil gerir os sentimentos e, ao mesmo tempo, preservar a neutralidade exigida. Por isso, o antropólogo, que neste documentário se estreou como guionista, realizador, produtor e narrador (fazendo magnífico uso da sua dicção perfeita e timbre apaziguador), está de parabéns. O feeling do it yourself, quase underground, que o documentário emana, não poderia, também, ser mais adequado.Intensa e empolgante, a obra apresenta, no DVD 1, vários capítulos, que abordam as origens do termo "heavy metal", as características da sonoridade, as suas raízes musicais, o ambiente vivido no Metal, o comportamento dos fãs, a cultura própria do estilo, a censura a que é submetido (com menção obrigatória ao PMRC), género e sexualidade (Glam Metal, machismo e o advento das bandas femininas são os temas abordados), religião e satanismo (a não referência ao White Metal gerou uma lacuna) e morte e violência (em que se aborda a imagética agressiva inerente ao género).O DVD 2 apresenta a árvore genealógica do Metal, com a história de todos os subgéneros, um mini-documentário acerca do Black Metal norueguês (que aborda as origens do estilo, a mitologia nórdica e o satanismo, dando especial ênfase aos trágicos acontecimentos do início dos anos 90), a íntegra das entrevistas com músicos disponíveis no DVD 1 (18, no total, com destaque para aquela com o malogrado Denis "Piggy" D'Amour e Michel "Away" Lengevin, respectivamente guitarrista e baterista dos Voivod), curiosidades das viagens efectuadas no âmbito da realização do documentário e um trailer.
Sam Dunn - Antropólogo e Headbanger
quarta-feira, 18 de junho de 2008
O Segredo de Beethoven
Um dos mistérios mais estupendos da história da música é que o alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827) tenha composto a Nona Sinfonia, de força e complexidade indescritíveis, quando já estava surdo como uma porta. Como ele nunca foi um grande missivista e a essa altura vivia também como um recluso, sem um círculo de confidentes, faltam aos pesquisadores subsídios para entender o que se passava no íntimo de Beethoven enquanto ele compunha sua obra monumental, e como se travou sua guerra entre som e silêncio. Em O Segredo de Beethoven (Copying Beethoven, Estados Unidos/Alemanha, 2006), a diretora polonesa Agnieszka Holland oferece uma versão ficcionalizada dos fatos.
Mas é uma versão tão bem arranjada, e tão atenta para com aquilo que efetivamente se sabe sobre a busca artística do compositor – por exemplo, sua crença de que o sagrado e o profano eram esferas antagônicas, mas não opostas, do espírito humano –, que, se non è vera, è ben trovata. Em outras palavras, não foi isso que aconteceu, mas bem que poderia ter sido. Para que a platéia ganhe ingresso à intimidade do compositor, Agnieszka e os roteiristas Stephen J. Rivele e Christopher Wilkinson criaram a figura de Anna Holtz, uma jovem estudante de composição contratada como copista do mestre, para passar a limpo suas partituras. Interpretada de forma correta e discreta pela alemã Diane Kruger (antes vista como a inexpressiva Helena de Tróia), a pupila toma um tombo ao constatar quanto o gênio tem de humano.
Como Beethoven mudou a música
• Magistral em quase todos os formatos de composição, Beethoven fez a transição do classicismo para o romantismo, mudando a percepção do que era o belo na música
• Suas sinfonias (em especial a Terceira, a Quinta e a Nona) transformaram esse tipo de composição em verdadeiras obras de engenharia musical. A orquestra passou a trabalhar como se fosse ela própria um instrumento
• No período clássico, as sinfonias duravam em média quinze minutos, e cada compositor as produzia às dezenas. As de Beethoven duravam pelo menos quatro vezes mais e exigiam um trabalho hercúleo de estruturação tonal e instrumental